“O SILÊNCIO DA BIBLIOTECA”
O silêncio é o primeiro mandamento a
cumprir quando se penetra no recesso austero de uma biblioteca. - um silêncio
reverente. São leves os passos que se dá no chão. Murmura-se apenas. Ali não
cabem conversas fúteis. Muito menos, vozerios. O clima é de recolhimento.
Perturbá-lo seria como quebrar uma espécie de magia. Debruçados sobre volumes
dos mais diversos tamanhos, cores e conteúdos, ora tomando notas, ora absortos
na leitura, os frequentadores estão concentrados, todos em busca da informação,
do conhecimento e da sabedoria. e as estantes enfileiradas são a fonte de onde
jorra tudo isso. Elas parecem mudas, mas seu mutismo é ilusório, porque ali
estão os livros, e os livros falam, muito mais do que a voz gritada
em altos brados. A palavra falada tem vida curta, que o vento leva. Já a
palavra escrita – essa – não há silêncio, o mais profundo, que seja capaz de
emudecê-la. O silêncio aparente das prateleiras de uma biblioteca é o mais
veemente discurso proferido pelo intelecto e, enquanto o mundo existir, o mais
seguro veículo da imortalidade humana.
Mario Gentil Costa –
MaGenCo (2013)
http://magenco.blog.uol.com.br
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